E neste abandono escuro
Tão negro, tão solitário
Que faz de mim folha solta
Ao vento mais inseguro
Num poder temerário
Que se move á minha volta
Numa cruel persistência de só
Numa janela fechada e escura
Onde escondo meu corpo sem dó
Numa premunição de sólida lonjura
E tão só estou em mim
E tão só me entrego ao inconsequente
E neste deserção do manhã
Faço de um suspiro o fim
De uma boca que me mente
Numa promessa frágil e vã
E assim tudo me deixa
Jogado num persistir de desaparecer
Sem ter em conta essa queixa
Aos poucos sinto o desvanecer
De meu corpo em transparente
De teu toque no querer
Deste abandono penitente.
H.N
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