domingo, 29 de junho de 2014

Desamor

Ninguém morre de desamor
Por mais que nos arranque a alma
Por mais que a dor seja acutilante
E torne em cinzas a calma
Numa forma de estar dilacerante

Dói tanto, dói por tempos
Mas passa, tudo passa neste caminho
Que seguimos entre desencontros
E a cada batalha perdida, conhecimento
A cada dor, mais sabedoria adquirida

As recordações dos desamores pesam
O abandono é maior e mais sentido
Mas não é eterno, não pode ser
Não podemos assim nos deixar perder
Por um nada que muito quis ser
E nem chegou a florescer

Muitas perguntas ficam por responder
Muitas coisas por dizer, calamos
Porquê? Nem sei bem!
Mas seguir em frente é caminho
E não estarás assim tão sozinho
Encontrando sempre alguém


O abandono não é forma de viver
Só podes levantar e sacudir o pó
E preparar-se para errar novamente
Pois só quem está preparada para errar
Consegue de novo amar
E entregar-se plenamente

Entre as sombras lutarás pelo sol
E amarás uma e outra vez
Não há que ter medo ao amor
Mas sim à tristeza e desolação
Que invade em negrura o coração
De quem se fecha em rancor

Entrega quantas vezes for preciso
E a recompensa será recebida
Pois só em pleno quem não se nega a amar
Enquanto caminha por esta vida.

H.N


sábado, 28 de junho de 2014

Tormenta


A tormenta que em ventos e chuva
Embala a incerteza e a desolação
Nunca abandona por completo
A voz de quem desgarra a alma
Expondo seu sentido completo
Numa perfumada sentença

Assim é a lonjura de estar aqui
Assim é a tempestade em mar agreste
Que afronto a dor por fim
Espalhando pelo mundo a peste

Uma peste de dor física
Mas que apodrece a alma e o sentir
Uma crua sensação de estar em frio
Uma avultosa persistência de viver
Que já não tem nome de chamar
Nem migalhas de prazer

E assim chovem cântaros de abandono
Numa cair de penhasco profundo
Enquanto te invade o incapaz sono
Neste letárgico e entorpecido mundo 

H.N

domingo, 8 de junho de 2014

De Volta


Ola caros amigos, após um tempo sem publicar cá estarei de novo. Espero que gostem e acompanhem estes segredos. :)

Castanho


Sou feito de mar e vento
De poesia e sentimento
Da salgada areia deste mar
Da claridade que emana o luar
Sou pluma que cai do céu
Sou como a neblina um véu
De um corpo de tempestade
Entre gotas de irrealidade
Que correm do rio até à foz
Para desfazer-se em voz
Que me chama lentamente
E me fala qual demente
De histórias que não sei
De algo que nem aceitei
Mas assim sou eu em lume
Que arde até ao cume
E à noite encontro inspiração
Que qual crente religião
Enche meu ser de esperança
E de artes da velha herança
E em força continuo a olhar
Com olhos de horizonte e mar
Tudo o que está à minha volta
Sem sentido ingrato de revolta
E sinto que enconro a comunhão
Desfulhando flores na imensidão
Sentado no alto do monte
Enquanto os pássaros bebem na fonte
E continuo neste meu sentido estranho
De viver neste mundo castanho.

H.N