domingo, 27 de julho de 2014

Sou e não sou!


Sou insano, sou profano, talvez louco
Sou descrente, sou ausente na lonjura
Podendo ser o bem para amar alguém 
Sem temer em medos a desventura 

Não sou quem poderia ser
Não sou quem querem que seja
Não quem esta terra deseja
Mas sim o que ela precisa de ter

Não obedeço a regras, não sou comum
Não aceito rótulos nem modelos
Tento ser o equilíbrio, linha cinzenta
Extremos não quero conhecê-los 

Entre o branco e o preto
Ao meio se esconde a virtude
Tentando evitar os males de quem se ilude
E não se apegando ao sentido obsoleto

Não quero ser mais um no mundo
Não quero ser a desigualdade 
Quero ter meu próprio brilho
Quero apenas ser eu na verdade

H.N

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Bombas!!


Bombas caem vinda do nada
Os gritos, a dor chamam a morte
Caem corpos dilacerados sem alma
Nada já se sente no horror da madrugada
E cada som é mais presente e forte
Já nem sabem onde encontrar a alma

Cada som, tanto medo de estar
Em cada movimento um presságio do fim
Não importa idade nem crença presente
Entre os passos que teimam em se calar
Na sentença cruel de estar assim
Sem saber o que se pensa ou se sente

Cada morte, uma maldição
Cada corpo caído, tristeza e amargura
Rostos desconhecidos espalhados pelo chão
Penteiam as teias longas da loucura
Maldade pura sem alma nem coração

Outros dilacerados, mutilados fisicamente
Pensam se é sorte ou verdadeiro azar
A sobrevivência incompleta e inocente 
Num sentido de final de naufragar
Sem vontades de seguir em frente

Estes são os vestígios da guerra
Morte ou horrenda sobrevivência
Mutilação, desolação e abandono
Tudo isto numa arma se encerra
Não é tecnologia ou avançada ciência
É maldade pura com rosto e com dono.

H.N

segunda-feira, 21 de julho de 2014

De mim


Mar, ao longe mar, nesse teu mar
Num perpétuo sabor de sal
Que faz de mim quem sou
Onde me reflicto ao luar

Monte, altivo monte, imenso monte
Nas tuas encostas carpeadas 
Encontro os penhascos da alma
E do espírito a altiva fonte

Flor, bela flor, intensa essa cor de flor
Que é ouro de natural crescimento
Alimentando a inspiração da mente
E se manifestando qual prenúncio do amor

Gota de água, pequena gota de água
No teu cair banhas o mundo
Num sentir que lava a dor imensa
E remove do sentido a mágoa

H.N

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Entre cortados receios

Há noites que são vazias
Há dias que são tão cheios
De almas secas sem vida
Numa alusão de despedida
Entre cortados receios
De livres e simples poesias

Há tanta vida na morte
Quanta morte teme a vida
E sempre será esse o norte
No qual se encontra minha sorte
De manipulações revestida

São tortas as linhas que escrevo
São longos os caminhos a seguir
Neste concreto desejo
De encontrar um dia um beijo
Que me faça deixar de pedir
Mais sorte ao verde trevo


Na sequia das horas passantes
Que não são marcas de quem sou
Vejo já tantos navegantes
Que morrem entre despidos amantes
Mas ainda sei onde vou.

H.N


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Mortes entre guerras de amor

Entre relações complicadas
Entre o lápis e o papel
É uma paixão arrebatadora
Que lhes arranca a pele

Entre a linha do amor e do ódio
Equilíbrio que só eles entendem
Rompem as roupas visceralmente
Encontrar-se eles pretendem

No correr do sangue quente
E no bater dos corações
Desgarram vontades de possessão
Entre contorcidas convulsões

Respiração já sem foco
Entrega quase inalcançável
Será tudo isto a magia
Do sentimento quase improvável

Mortes entre guerras de amor
Corpos desfeitos por paixão
Cravam suas garras na terra
Para acabar com a razão.

H.N





terça-feira, 15 de julho de 2014

Noites sem dormir

Meu amor, minha vida
Minha almofada querida
Meu amor, minha paixão
Minha caixa de cartão

São os amores deste mundo
Bagagem de viagem sem fim
Que fazem os pedaços do tempo
Que compões quadro em mim

São os queres sem fronteira
São as noites sem dormir
A pensar na baboseira
Que te deixa a sorrir

Entre pensamentos vagos
Rostos alvos, sentidos cheios
Que são demonstração da força
Do teu intitulado recheio

Nuvens que correm os seus
Olhos que são o infinito
Suspiros que te levam a lonjura
Do seu beijo nunca descrito.

H.N.


sexta-feira, 11 de julho de 2014

Feitos de espuma

Somos todos feitos de espuma
Essa, tão leve e fugaz
Numa passagem, leveza
Num amontoar de bruma
Que inunda a praia, capaz
Na mais perfeita riqueza.

Somos feitos de pó da estrada
Esse, tão leve e permanente
Na terra batida dos pés desarmados
Onde em cada nova madrugada
Num sujar de corpos inclemente
Onde se encontram corpos enlaçados

Somos todos feitos de vento
Na inconstância da serrania
Onde tudo cresce em seu balanço 
E perde a cada movimento
Mais um pouco de melancolia
E todo o seu descanso.

H.N.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Imensidão heterogenia


Para que homogeneizar a diversidade?
Para que padronizar o infinito
Num sentido inumano e aflito
De entorpecer a realidade.

Para quê tanta falta de amor?
Para quê tanto julgamento indiscriminado
É assim que te sentes amado?
Ou apenas te satisfaz a desgraça e a dor

Porque não procurar a felicidade plena?
Em vez de julgar a vida alheia
Não deixes esvaziar teu relógio de areia
Torna-te no vento uma pena

Tenta encontrar o melhor de ti
Tenta saber quem és, que queres
E segue pela luz para não perderes
Mas senão quiseres fica aqui

Pois tantos já se perderam na infeliz ideia
De culpar o mundo e a gente da sua tristeza
Sem se perceberem que eles eram a pobreza
Que a imensidão heterogenia e vasta odeia.

H.N

quarta-feira, 9 de julho de 2014

És uma chata!


És uma chata, sei que sim
Falas, resmungas e praguejas
Mas sei que sem mim não vives
E a minha companhia desejas

Sei que sou chato, pois sou
Estou sempre a contrariar
Mas é a maneira de te dizer
Estarei sempre aqui a acompanhar

Somos dois chatos, dois falantes
Somos tão loucos na nossa razão
Somos completos na plenitude
Plenos de alma e coração

Somos crianças tantas vezes
Mas na seriedade somos fundamento
Rimos de nós, das nossas tolices
Mantemos levantado nosso alento

Pode parecer tudo tolice
Podem pensar que estamos loucos
Mas todos sabem em certeza
Que como nós existem poucos.

H.N

terça-feira, 8 de julho de 2014

Sonho de volta


Inclinado a tua beira
Dou por mim a pensar
Na vida de outra maneira
E começo logo a sonhar

Teu perfume me leva longe
Onde nunca foi, mas sei
Que se lá tivesse ido
Saberiam que não amei

Foi ao mar mais bravio
Em navios de madeira e sal
E em porto de obscuridade sombria
Encontrei as águas de Portugal

No teu toque foi mais longe
Vi um mundo tão quadrado
E percebi que nesse mundo
Não estarias ao meu lado

Então voltei a mim
Para aproveitar a presença
Colocado assim um fim
A um sonho já sem crença.

H.N


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sentido descritivo de amar

Numa noite a meia-luz
Penso em ti, penso em nos
E a saudade faz-se maior
E entre o sentido de ti
Compreendo a importância do que sinto
E assim tudo parece fluir
Pois o amor é intensidade
E a paixão é um incêndio
E numa junção perfeita
Estão os teus olhos brilhantes
Que são jóias do meu sentido
Tochas que iluminam a escuridão
Que se desvai e não retorna
Esse que já viveu em mim
Esse que já foi meu viver
Mas agora estas aqui
Para tocar minha mão
E inundar de certezas os sentidos
Teu perfume é o guia
Em aroma dançante
Que me faz viajar ao sabor
E faz percorrer teu corpo
Sem nem sequer o tocar
Para perder-me em respirações
Que movimentam meu corpo
Que me fazem mais teu
E assim amar-te para sempre
Neste sentido descritivo.

H.N

domingo, 6 de julho de 2014

Acção e erro

A tanta certeza tão incerta
Tanto erro que é o certo
Num mundo sem regras
Que ainda não foi descoberto

A tanta acção tão válida 
Unicamente pela sua intenção
Que não gera um real valor
Mas que ao mundo trás mas calor
Numa sentida e persistente canção

A tanta porta que se fecha
Para que as janelas se abram em flor
A tanto dar que trás alegria
Numa procura da entropia
Sem mágoa nem rancor

A vida tem destas coisas
Numa incompreensível compreensão
Onde tudo dá cada volta
Numa tumultuosa acção
Que faz esquecer revolta
Que nos enegrece o coração.

H.N



sexta-feira, 4 de julho de 2014

Bordar vida


A vida é um bordar detalhado
Cada ponto, uma acção
Que vai completando a teia
Num emaranhado de acontecimentos
Que são a toalha do coração
Entre decorados sentimentos

Cada ponto mal dado, um erro
Cada desfazer, uma experiência
Cada picada, uma dor latente
Que faz a vida ter coerência
Num seguimento contínuo e presente

Ponto trás ponto é bordado
A sorte da gente, seu caminho
Por onde nem sempre vás sozinho
Mas quem borda essa toalha és tu
E nada pode alterar os pontos que dás

Um bordar que nunca para
Um trabalho sem fim marcado
Muitos bordados se encontraram na vida
Por isso não te sintas abandonado
Pois nunca ninguém borda sozinho
Sua toalha de emaranhadas histórias.

H.N




terça-feira, 1 de julho de 2014

Nuvens de tempestade



Nuvens de tempestade que correm céus
Que numa viagem de desaparecimento
Percorrem quilómetros, milhas, léguas
Num percorrer sem desalento

São o algodão da imensa altitude
Por onde se perde a vista ao terrestre
Sendo que sua desintegração em liquido
Faz em vida florir e crescer o silvestre

São as nuvens mais brancas os cinzentas
São as nuvens, maiores ou as fugazes
Sãs as nuvens mais belas, as mais frias
Que me levam a imaginar pinturas celestes
De azul tela e branca coloração

São essas, nuvens de sentido seguir
Que fazem chover sobre mim as gotas
Que lavam meu rosto e meu corpo
Limpando os males da alma e do ser
Num sentido pleno de comunhão.

H.N