sábado, 26 de abril de 2014

Que música é esta?


Que música é esta
Que me ronda sem saber
O que ela procura 
Para depois se perder
Na melodia, liberdade
Na pauta, a escravidão
No tocar da guitarra
Eu encontro salvação
Num suspiro melodioso
De sentir musicalidade
Neste sonoro alvoroço
Do saber em piedade
Na cantiga das horas
No viver mais atento
Encontro a nota mais sincera
Para a letra que invento
E nessa clave de sol
Desenhada com tanto carinho
Faz sentir que a tua letra
Não te deixara sozinho
Em letras recordas o tempo
Em passagem sem sessar
Mas ninguém consegue substituir
Ocupando o teu lugar
A música que preenche
Os recantos mais profundos
É a melodia da esperança
Que une os nossos mundos
Une em cetim e algodão
Duas melodias inversas
Que entre o Si e o Dó
Ficam assim imersas
Entre o sou da manhã
E o silêncio da tarde
A paixão que alimenta a música
É fogueira que arde
Se não existir inspiração
Para poder escrever
Será como não ter olhos
Para poder o mundo ver
Será como não ter pernas
Para sentir a calçada da rua
Será como não ter tato
Para sentir tua pele nua
Isso seria o final
Para meu modo de vivenciar
Pois alimentas meu viver
Com uma lufada de ar
És a brisa fresca
Das manhãs quentes
Que trás o alento
Para seguir o presente!

H.N


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Vingança

A vingança do destino
Esse que te faz chorar
Pelo que já fizeste de errado
Por quem não quiseste lutar

A vingança da sorte
Que se mostra imponente
Vinga-se perante a desilusão
Tornando-te por vezes indigente

A minha vingança pessoal
Que parece dar sentido
A esta luta sem um fim
Onde já me estive perdido

A vingança de um passado
Que não colocaste ponto final
E que sem notares o progresso
Este se torna teu mal

A vingança desta escrita
Que tenta explicar a vivência
Entre conhecimento frontal
Que não pertence à ciência 

H.N



quarta-feira, 16 de abril de 2014

Comboio


O comboio da minha vida
Que passa louco sem parar
Neste caminho de ferros
Onde irei eu matar

No comboio da minha vida
Onde há tanta estação
Entra e saem pessoas
Algumas já sem coração

O comboio da minha vida
Entre carris de vingança
Onde acabo com a desilusão
Numa procura de esperança

No comboio da minha vida
Onde estou sentado a tua espera
Sei que já chegas-te
E ter-te aqui é primavera

O comboio da minha vida
Que teima em descarrilar
Mas existem coisas pelas quais
Vale sempre a pena lutar

No comboio da minha vida
Já não viajam tristes recordações
Ficaram na longínqua estação
Onde enterrei as ilusões

O comboio da minha vida
Nunca se atrasa nesta paragem
Quem se atrasa perde o lugar
Para seguir nesta viagem.

H.N

Consciência

A minha consciência não me deixa dormir
A minha consciência não me deixa viver
Pensam muito isso de mim
Mas não lhes tenho nada a dizer

Tenho a consciência limpa
 Tenho consciência? Ai isso tenho!
Sei bem o que quero e onde vou
Sei quem sou e de onde venho

Julgam-me sem pensar um pouco
Se a razão tem na verdade um lado
Quando dão por ela já não estou
Fico com a fama de desnaturado 

A fama que me dão
E aquela que eu aceito
Nunca se encontrarão
Pois não vestem a preceito

Cada um julga por seus actos
As acções em ser alheio
Mas é viver a minha vida em paz
Aquilo que eu mais anseio

Tantos se dizem amigos
E são os primeiros a condenar
Os tais grandes amigos
Que agora teimam em desprezar

H.N



segunda-feira, 7 de abril de 2014

Tantas palavras


Tantas palavras, tanta loucuras
Ditas em pressa de correr
Numa viagem sem rumo
Onde ela se perde sem saber

Tanta coisa dita, tanta história
Que ela conta sem calar
Ela é imprudente e sem noção
De que tanto falar não deixa pensar

Risos loucos e estridentes
Que parecem exploração do salivado
Numa conversa crua e desleixado
Num balbuciar desaprumado

Ninguém a cala, ninguém a para
Nem a mordaça da razão
Prendam as palavras no seu corpo
E tranque a chaves seu coração

Há tanta vontade de calar
Há tanta vontade de expulsar
E colocar da alma para fora
O que tanta gente implora.

H.N

terça-feira, 1 de abril de 2014

Blasfémia e desordem


Libertação, blasfémia, desordem
Gritos tirados de um fundo sem fundo
Num sentido de não saber bem como
Nem querer explicações do acontecido
Quer seguir em frente sem correntes
Para cortar os elos de ligação
Para estar de aprisionamentos despido
E não voltar a aceitar coisas inúteis
Sem voltar a sacrificar sua estrada
Onde caíram dilacerados corações
Onde muitos sofreram pelas incapacidades
Onde a imaturidade transformou em pó
O quadro das cruzadas realidades
E mortas, putrefactas e voláteis
As vontades de seguir foram esvaindo
E sem nexo e sem raízes
Foi secando a árvore das verdades
Vergadas, torcidas e sem sustentação
São as ramas que vão impedindo
Que esta desgraça, este tormento
Fique exposto à luz do dia
E assim, vão escondendo e fugindo
Os ratos da incompreensível corrupção
Que envenenam qual cobras
As almas sombrias e podres
Que se deixam ficar na ilusão
De um dia tudo vir a passar
E de o amor, a felicidade e a razão
Voltarem a reinar neste mundo de ogres
Mas a quem se erga, e liberte
Uma alma de esperança e luz
Que poderá ser o guia que encaminhe
Estes restos de gente
Ao caminho da saída. 

H.N